sexta-feira, setembro 29, 2006

Estação

Ponto de chegada. Ponto de partida. Contemplação e vertigem. Desde sempre me habituei ao ruído constante das férreas travagens e ao anunciar estridente de todos os destinos. Nunca me tirou o sono. Talvez fosse até canção de embalar.
Imóvel, com os sentidos anestesiados pelo colorido de carruagens remodeladas, pela rapidez da passagem dos alfa, pela paragem e pelos passos silenciosos de vidas que desfilam em frente a esta janela enevoada. E assim permaneço. Notícias distantes de acidentes, mortes...de reencontros, de despedidas. Alheia à realidade desta estação que é a vida, enebriada por insignificâncias sem parar para pensar que tudo não passa disso mesmo. De trilhos traçados, com pontos de partida e de chegada a que fugimos, procurando alternativas nos interfaces que nos permitem mudar de linha, fazer desvios ou até regressar antes de chegar...antes de nos decidirmos a partir e arriscar de novo.
As lágrimas estão sempre lá. Nos regressos e nas despedidas. Nos reencontros e nas partidas. Ainda que não as admitamos, refugiam-se num esconderijo de onde espreitam mal nos permitamos a isso.
Neste impasse tento reservar todos os pensamentos e reflexões para depois da triagem. Continuo a encher de invisibilidade esta bagagem imaginária para mais tarde poder pensar e decidir.
Não sei quem sou. Nem para onde vou. Mas sei que parada não posso ficar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai querer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir
São só dois lados da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar

É a vida... :D

Anónimo disse...

Sempre, sempre... "o mundo pula e avança
como bola colorida entre as mãos de uma criança" :) A vida continua lá fora e cá dentro de nós, estamos vivos e o caminho é só um e...não pode ser para trás! Força. De uma forma qualquer que pode parecer difícil de imaginar vamos encontrar todos o nosso caminho.