terça-feira, fevereiro 21, 2006

"Não sei o que é o tempo
não sei qual a verdadeira medida que ele tem
se tem alguma.

A do relógio sei que é falsa:
divide o tempo espacialmente, por fora.

A das emoções sei também que é falsa: divide não o tempo, mas a sensação dele.

A dos sonhos é errada; neles roçamos o tempo, uma vez prolongadamente, outra vez depressa,
e o que vivemos é apressado ou lento conforme qualquer coisa do decorrer cuja natureza ignoro."

Bernardo Soares "Livro do desassossego" - Obra em prosa de Fernando Pessoa

Ter

"Há toda a liberdade em ter as mãos vazias."
Irmã Celina (carmelita)

domingo, fevereiro 19, 2006

sábado, fevereiro 18, 2006

Momento humorístico

Em conversas de corredor:
"dr.C : vejo que o seu cartão está com as letras esbatidas...como o sr é bancário, deve ter estado a lavar dinheiro :)
sr.J: eheh foi a minha mulher, deve ter ido à máquina...sr dr...posso continuar a ir à caça?"
dr.C: pelo coração...pode!
eu: já pelas codornizes, se calhar não devia...
sr.J: deixe estar, que eu não vou para os Estados Unidos"

Gosto mesmo de pessoas bem humoradas!

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Amores (im)perfeitos

"Sombras que percorrem O meu fado São nuvens de incerteza No cinzento do céu São ondas deste mar Que foi tingido pela dor Levando um sonho que Já não é meu
A noite ensombrou Este canteiro De amores imperfeitos Orvalhados de espanto Galera de fantasmas No véu negro deste mar Rasgando as cordas tristes Do meu canto
Pranto de milhafres Nas vertentes da noite Saudades de um passado Que não veio nem há de vir Nas vozes que me prendem O destino aziago De amores imperfeitos Que não chegam a florir"


in "Amores imperfeitos" - Viviane

Ligamento suspensor cardíaco

Não existe fisicamente mas lá está flutuando ao sabor dos dissabores da alma...quando sopra uma brisa forte, treme...geme...mas permanece...
É elástico e muito resistente...quando um peso insuportável se apodera do nosso coração...dando a ilusão que este vai cair cair cair indefinidamente...o seu ligamento suspensor estica estica...e esse estiramento provoca uma dor excruciante, incomparável a qualquer outra dor que porventura tenhamos sentido proveniente de uma outra origem...nunca se pensou que dentro do peito algo pudesse doer assim...mas pode. E dói, dói muito.
Por muitas vezes que esta dor nos afecte, não há imunidade possível. Dói na mesma, com variantes na natureza e na intensidade mas igual no carácter...Dói sempre...
Mas o bendito ligamento, presente na nossa realidade paralela...lá está, a salvaguardar a integridade do coração...na sua essência, na sua capacidade, nada se altera...e tudo poderá voltar a acontecer...é daquelas situações em que os erros de nada servem, nada se aprende com eles...nada impede que os voltemos a repetir, exactamente da mesma maneira...dói muito...mas não é por isso que não voltamos a cometer o que nos trouxe essa dor...parece que inconscientemente, na tal realidade paralela procuramos sempre voltar a viver o mesmo sofrimento...
E, das profundezas que julgamos não existir, mas nas quais o nosso coração mergulha...o ligamento trá-lo de volta, recuperando a sua posição inicial...e a dor vai-se atenuando...pouco a pouco...e passa.
In extremis...tudo passa.