
Imóvel, com os sentidos anestesiados pelo colorido de carruagens remodeladas, pela rapidez da passagem dos alfa, pela paragem e pelos passos silenciosos de vidas que desfilam em frente a esta janela enevoada. E assim permaneço. Notícias distantes de acidentes, mortes...de reencontros, de despedidas. Alheia à realidade desta estação que é a vida, enebriada por insignificâncias sem parar para pensar que tudo não passa disso mesmo. De trilhos traçados, com pontos de partida e de chegada a que fugimos, procurando alternativas nos interfaces que nos permitem mudar de linha, fazer desvios ou até regressar antes de chegar...antes de nos decidirmos a partir e arriscar de novo.
As lágrimas estão sempre lá. Nos regressos e nas despedidas. Nos reencontros e nas partidas. Ainda que não as admitamos, refugiam-se num esconderijo de onde espreitam mal nos permitamos a isso.
Neste impasse tento reservar todos os pensamentos e reflexões para depois da triagem. Continuo a encher de invisibilidade esta bagagem imaginária para mais tarde poder pensar e decidir.
Não sei quem sou. Nem para onde vou. Mas sei que parada não posso ficar.